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13/09/2015 às 09h31m - Atualizado em 13/09/2015 às 09h38m

Hospital Getúlio Vargas (HGV) comunica morte de mãe de padre da cidade de Glória do Goitá por equívoco

Sacerdote já havia contratado serviço funerário e feito comunicados. População da cidade enxerga fato como milagre.

Padre Dijailson Canuto e sua mãe, Josefa, que foi tida como morta por hospital (Foto: Dijailson Canuto / Acervo pessoal)O padre de Glória do Goitá, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, Dijailson Canuto, de 33 anos, viveu uma situação inusitada na sexta-feira (11). Com a mãe internada desde o dia 4 de setembro para tratar um quadro de infecção pulmonar no Hospital Getúlio Vargas (HGV), no Recife, recebeu a notícia da morte dela através do serviço social da unidade de saúde. Depois de contratar o serviço funerário, comunicar a família e paróquias vizinhas, o sacerdote descobriu que Josefa Canuto, 65 anos, estava viva e passando bem.

Bastante emocionado e ainda perplexo pela situação inusitada, o padre contou que passou por duas dimensões de realidade e sentimentos. "Eu tinha ido à capital para visitá-la, então primeiro veio o choque pela morte, para assimilar, chorar e notificar os parentes, além de providenciar toda a parte burocrática que envolve o fato. Depois entramos em outro choque com ela viva, me deu um transtorno psicológico que eu nem sei descrever", contou.

Indignado, o sacerdote ressaltou que o hospital ainda não apresentou nenhuma justificativa para o ocorrido. "Só foi aquela coisa amadora de dizer: 'Me desculpe, houve um erro'". Canuto ainda relatou que não confia mais no tratamento que a mãe está recebendo na unidade. "A saúde pública do nosso estado está realmente um descaso total e o Hospital Getúlio Vargas é a prova disso. Ali falta desde medicamento até material básico de limpeza. Parece que quando o caos toma conta, a negligência aparece. Agora desconfio dos procedimentos internos, minha mãe está lá e eu aqui com medo do que pode acontecer", completou.

"Me deu um transtorno psicológico que eu nem sei descrever", conta o padre Dijailson Canuto

A notícia da morte se espalhou tão rápido quanto a do erro. Além da rádio localizada no município, 70 paróquias e a rádio comunitária de Ferreiros, mesma região do estado e cidade natal da família do padre, foram responsáveis por replicar o fato. "Lá em Ferreiros colocaram um carro de som passando de cinco em cinco minutos divulgando o dia e a hora da missa de corpo presente", relembrou Dijailson.

Radialista Gilmar Santos leu notícia em nota oficial na rádio, para população de 32 mil pessoas (Foto: Thays Estarque / G1)Radialista Gilmar Santos leu notícia em nota oficial na rádio, para população de 32 mil pessoas

Repórter da rádio Goitacaz, de Glória do Goita, Gilmar Santos, 32 anos, explicou que até uma nota oficial escrita pelo sacerdote foi emitida para a população de 32 mil pessoas. "Foi um choque, não sabíamos direito como íamos dar essa notícia para o povo. Em 12 anos de rádio nunca dei uma notícia dessa, vimos até na televisão casos parecidos, mas nunca achei que teria um tão perto". Gilmar disse também que o incidente está sendo visto como um milagre. "O que se ouve por aqui é: 'Graças a Deus que ela está vida'", contou.

Vigário paroquial no município há um ano, padre Dijailson é tido como um homem carinhoso e que luta pelos direitos dos moradores. Para a coordenadora da catequese, Inês Maria Pedroso, 44 anos, é um absurdo isso ter acontecido com o sacerdote. "Para qualquer ser humano isso é muito constrangedor, ainda mais para ele que zela e cuida tão bem daquela mãe. É uma falta de respeito, todos nós nos comovemos, ficamos tristes, entramos em oração para o nosso vigário".

Por conta do erro e do transtorno que foi causado na família do padre, a assessoria jurídica da paróquia está terminando de colher a documentação para dar entrada numa ação contra o HGV. "Entraremos com uma ação de ideanização de danos morais e materiais porque os seis irmãos que moram fora chegaram a emitir passágens aéreas após a comunicação do falso falecimento. Além de pedir um ressarcimento do drama sofrido pelos familiares, buscamos coibir o hospital a não praticar mais esse tipo de conduta irresponsável", informou Silvio Latache, advogado.

Através de nota, a Secretaria de Saúde de Pernambuco informou que a direção do HGV "se solidariza com a família da paciente Josefa Canuto Martins e garante que vai investigar o ocorrido para tomar todas as providências cabíveis no caso".

Enquanto isso não acontece, a população de Glória do Goita se apega à crença popular da região de que a pessoa que é tida como morta, sem estar, viverá por muito tempo.


As informações são do G1 PE
Fotos: Thays Estarque / G1

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