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02/04/2022 às 14h54m - Atualizado em 02/04/2022 às 15h18m

Porto de Galinhas, uma das praias mais famosas do Brasil, tem dias de vandalismo e medo após morte de menina durante troca de tiros entre PMs e suspeitos de tráfico de drogas

Rotina de um dos locais mais visitados do país mudou desde a quarta (30), quando Heloysa Gabrielly morreu após ser baleada. Governo de Pernambuco reforçou policiamento na área.

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A rotina em Porto de Galinhas, em Ipojuca, no Grande Recife, um dos locais mais visitados no Brasil, mudou completamente desde a quarta (30), quando uma menina de 6 anos,  Heloysa Gabrielly, morreu após ser baleada durante troca de tiros entre PMs do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e suspeitos de tráfico de drogas. Em meio ao luto, o clima de insegurança tomou conta do balneário. O comércio fechou e houve incêndio de ônibus e bloqueio de ruas e estradas.

Com aproximadamente 10 mil turistas ocupando a rede hoteleira, segundo dados do Trade turístico de Porto de Galinhas, entre a noite de quinta (31) e a sexta (1º), o cenário foi marcado por vandalismo, barricadas e protestos.

Cerca de 250 policias civis e militares foram enviados para reforçar a segurança no balneário. A principal preocupação, segundo fontes ligadas à Polícia Civil, é atuação de um grupo criminoso que controla o tráfico de drogas na região.

Um turista europeu de 30 anos estava em Porto de Galinhas no dia que a menina foi assassinada e ficou impressionado com o que viu e ouviu.

"Houve alguns momentos assustadores. Fomos ao Centro para jantar e tudo estava fechado. Então, ficamos confusos. Depois, algumas pessoas nos contaram o que aconteceu e ficamos chocados", lembrou.

O homem, que preferiu não ser identificado ou ter a nacionalidade revelada, relatou ter visto uma grande quantidade de policiais andando pela cidade, com armas.

"Eles eram tão agressivos. Na verdade, eu estava apenas tentando me afastar deles. Então, naquela noite, fomos para casa depois disso. Agora, tenho mais medo da polícia no Brasil do que já tinha", disse.

Segundo a Polícia Militar (PM), a menina foi atingida durante um confronto entre o Batalhão de Operações Especiais (Bope) e dois suspeitos de tráfico de drogas, com troca de tiros na comunidade Salinas.

Moradores, no entanto, afirmam que os policiais chegaram atirando ao local. A Polícia Civil abriu um inquérito e investiga o que aconteceu.

A prefeitura de Ipojuca lamentou a morte da menina e disse que enviou ofício ao governo do estado solicitando mais segurança para os moradores e turistas.

Combate ao tráfico

Para o secretário de Defesa Social de Pernambuco, Humberto Freire, os traficantes estão se aproveitando da situação para inflamar a população contra o Batalhão de Operações Especiais (Bope), que participou da operação que culminou na morte da menina (veja vídeo acima).

"Os traficantes estão se aproveitando da tragédia para pregar uma saída do Bope, como a gente já tem áudios circulando de que eles querem que tenha movimento até a saída do batalhão. E não é esse o caminho. A força policial que ali se instalou, a base do Bope, tem serviços prestados, prisões de traficantes", ressaltou o secretário.
Humberto Freire afirmou que o combate ao tráfico em Ipojuca resultou da diminuição em 33% do índice de homicídios na cidade no ano passado.

"Não só em Ipojuca, como no Cabo de Santo Agostinho, que forma a área dez, houve um investimento muito alto em pessoal, tecnologia e inteligência", disse.

O grupo criminoso que atua em Porto de Galinhas e em outras cidades do Grande Recife situadas no Litoral Sul já foi alvo de pelo menos quatro operações da Polícia Civil.

Em uma delas, no início de março, houve o bloqueio de R$ 1,8 bilhão em ativos financeiros e bens após investigações que começaram em Ipojuca e terminaram em uma megaoperação em 16 estados.

O delegado Ney Luiz, que era titular da Delegacia de Ipojuca e atuou na investigação, foi transferido. Agora ficará cuidando exclusivamente de Porto de Galinhas. O objetivo é combater o tráfico de drogas na localidade.

"A gente sabe que somente prisão e apreensão de drogas não resolvem o problema da violência. Então, a gente quer identificar os líderes desses grupos criminosos e o núcleo financeiro deles, não os pequenos traficantes. Muito embora, a maioria comande de dentro do presídio", destacou.

Investigação
Os policiais militares envolvidos na ação que resultou na morte de Heloysa tiveram as armas recolhidas para a realização de perícia. Na equipe, segundo a Polícia Militar, havia sete PMs em duas guarnições.

Além das armas dos policiais, um revólver apreendido e a viatura da PM, que teria sido atingida por disparos, segundo a PM, também foram encaminhadas para perícia. Quatro testemunhas do crime também foram ouvidas pela Polícia Civil.

Por meio de nota, o estado disse que três investigações foram abertas, "no âmbito da Polícia Civil, da PMPE e da Corregedoria", para apurar as circunstâncias da ocorrência.

Segundo a SDS, "as investigações estão sendo realizadas de forma técnica e isenta e, por enquanto, não é possível afirmar de onde partiu o disparo. Todos os elementos estão sendo levados em consideração".

Fonte: G1 PE

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