05/07/2017 às 16h01m
Ex-empregada acusa o deputado Tiririca de assédio sexual; defesa alega extorsão
Caso foi para o Supremo Tribunal Federal, responsável por investigar políticos com foro privilegiado. Empregada trabalhou para Tiririca e a mulher entre março e junho de 2016.
Com informações do G1 - Foto: Alexandra Martins/Câmara dos Deputados
A ex-empregada doméstica do deputado Tiririca (PR-SP) Maria Lúcia Gonçalves acusou o parlamentar na Justiça por assédio sexual. Ela alega que foi alvo de assédio de Tiririca durante viagens que fez com a família dele em 2016, primeiro para São Paulo e depois para o Ceará.
A defesa de Tiririca, por outro lado, afirma que o deputado e a família estão sendo vítimas de extorsão e que a empregada doméstica, após ter sido demitida, em junho do ano passado, exigiu R$ 100 mil reais para não prejudicar a reputação do parlamentar (leia a íntegra da nota divulgada pela assessoria ao final desta reportagem).
O caso foi para o Supremo Tribunal Federal (STF) no final de junho de 2017, já que a Corte é responsável por investigar políticos com foro privilegiado, como é o caso de Tiririca. No tribunal, o processo foi distribuído, no último dia 28, para o ministro Celso de Mello.
A denúncia
Na 10ª delegacia de polícia do Distrito Federal, que iniciou as apurações do caso, Maria Lúcia afirmou que o primeiro episódio de assédio sexual ocorreu em maio de 2016, quando ela viajou para São Paulo com Tiririca, a mulher dele, Nana Magalhães, a filha do casal, de 8 anos, e assessores do deputado. Na ocasião, Tiririca daria uma entrevista para o programa do Jô.
Maria Lúcia relatou que ficou no apartamento cuidando da filha do casal durante a entrevista. Ela disse que, quando Tiririca e os demais voltaram, o deputado exalava cheiro de álcool e a agarrou por trás. Tiririca, segundo Maria Lúcia, começou a dizer que faria sexo com ela, diante de todas as outras pessoas presentes, inclusive a menina de 8 anos.
A empregada relatou à polícia que conseguiu se desvencilhar, mas o deputado ficava correndo atrás dela. Maria Lúcia disse que pediu ajuda dos adultos, que, segundo ela, riam da situação. Ela afirmou que apenas a menina a defendeu, empurrando o pai e jogando-o no chão.
Ela também afirmou que o ex-patrão jogou no mar o celular dela que tinha gravações de algumas frases que Tiririca havia lhe dito.
Maria Lúcia foi demitida logo após a viagem para o Ceará. Na delegacia, Nana Magalhães disse que a empregada consumia bebida alcóolica durante o trabalho e por isso foi dispensada. A mulher de Tiririca disse ainda que, após a demissão, Maria Lúcia começou a fazer ameaças de extorsão.
O relato de Maria Lúcia foi feito também pelo advogado dela, José Orlando de Amorim, à 21ª vara trabalhista de Brasília, onde ele abriu a ação de assédio sexual contra Tiririca, em fevereiro de 2017.
Na ação, o advogado afirmou que os "atos indecentes" de Tiririca, as "apalpadelas", "indubitavelmente configuram assédio sexual".
Após isso, em março de 2017, Nana Magalhães procurou a 10ª DP para abrir ocorrência de extorsão.
Em contestação enviada para a vara trabalhista em junho, o advogado de Tiririca, Fernando de Carvalho Albuquerque, disse que Maria Lúcia "não se adaptou à rotina da família e tentou utilizar o pouco tempo de convivência para chantagear os reclamados (Tiririca e a mulher) pedindo a quantia de R$ 100.000,00 (cem mil reais) para se manter em silêncio em relação a vida intima do casal".
Íntegra
Leia abaixo a íntegra da nota do deputado Tiririca:
Sobre as notícias sobre acusações de uma ex-funcionária da residência do deputado Tiririca, o gabinete do parlamentar tem a esclarecer:
2 - As ameaças e a chantagem propriamente dita incluiriam o pedido de dinheiro em troca da desistência de ação trabalhista que serve de base para acusações pessoais contra o parlamentar.
3 - O parlamentar reitera apoio à iniciativa da esposa que, em razão do sigilo de justiça, está impedida de oferecer comentários e conceder entrevistas.
Gabinete do deputado Tiririca