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15/08/2025 às 11h04m - Atualizado em 15/08/2025 às 12h36m

Lula inaugura fábrica de hemoderivados da Hemobrás, em Goiana, e entrega títulos de posse de imóveis, no Recife

Em visita ao estado, presidente visitou ainda pacientes beneficiados pelo programa 'Agora Tem Especialistas' em hospital particular.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) veio a Pernambuco para vários compromissos nesta quinta-feira (14). A primeira agenda do presidente foi a inauguração da fábrica de hemoderivados da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), em Goiana, na Zona da Mata de Pernambuco. Em seguida, visitou pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) beneficiados por atendimentos em hospitais particulares. No final do dia, entregou 599 títulos de regularização fundiária na comunidade de Brasília Teimosa, na Zona Sul do Recife (veja mais abaixo).

A inauguração da Hemobrás finaliza uma sequência de 15 anos em que a unidade esteve em obras, que inicialmente eram previstas para terminar em 2016.

No seu discursou, Lula falou que a decisão de trazer a Hemobrás para Pernambuco ocorreu por não entender o motivo de, na região Nordeste, haver poucas oportunidades, segundo ele "desde a transferência da coroa portuguesa para o Sudeste, nos tempos do Brasil colonial".

"Possivelmente não tem em lugar nenhum que tenha profissionais tão qualificados quanto a Hemborás tem. Então, o que precisava Pernambuco? Uma chance. E essa chance foi dada, a Hemobrás está aqui e vai ser a maior fábrica da América Latina".

Durante o discurso, Lula alfinetou o governo Trump ao comentar o cancelamento do visto norte-americano do secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, Mozart Sales. "Mozart, não fique preocupado com o visto dos EUA. O mundo é muito grande", disse.

Foram inaugurados nesta quinta os blocos B02 e B03 da fábrica. Eles fazem, respectivamente, processos de fracionamento de plasma, do preparo e de envase dos medicamentos. Apesar de não haver mais obras previstas para os blocos técnicos da Hemobrás, a produção só deve começar no próximo ano, porque toda a tecnologia precisa ser validada por meio de testes e certificações.

De acordo com o governo federal, foi investido R$ 1,9 bilhão na construção da fábrica de hemoderivados da Hemobrás, com o objetivo de produzir, a partir do plasma humano excedente em 72 hemocentros públicos e serviços de hemoterapia em todo o país, medicamentos e substâncias de alto custo, como albumina, imunoglobulina e Fatores de Coagulação VIII e IX.

Eles são fornecidos de graça pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e usados no tratamento diversos tipos de doenças, de queimados graves, pacientes de UTIs, hemofilias, doenças raras e em grandes cirurgias.

Hoje, esses medicamentos, que têm alto custo, são produzidos por meio de envio de material para processamento no exterior. Com a inauguração da fábrica, a partir de 2026, a fábrica vai passar a fazer o fracionamento do plasma e a maior parte dos insumos será produzida pelo país. Em 2027, a previsão é de que o Brasil se torne autossuficiente na produção desses insumos.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse que a inauguração da Hemobrás se soma a esforços para garantir a soberania brasileira perante mercados internacionais.

“Significa produção de medicamentos para o povo brasileiro, pelo SUS, sem as pessoas terem que pagar por esse medicamento. É a gente ficar livre, às vezes, de cartéis internacionais que existiam na comercialização dos hemoderivados, e soberania, porque está atraindo o conhecimento, formando profissionais aqui, gerando conhecimento e tecnologia para dar novos saltos”.

O que aconteceu com a fábrica da Hemobrás

  • A Hemobrás é uma empresa estatal vinculada ao Ministério da Saúde, com sede em Goiana, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, a 63 quilômetros do Recife.
  • Foi criada em 2005 com o objetivo de reduzir a dependência do Brasil em relação ao mercado externo no setor de hemoderivados — medicamentos que têm como matéria-prima o plasma humano, um dos componentes do sangue.
  • Com a fabricação dos hemoderivados, a expectativa é que o país seja capaz de produzir por conta própria medicamentos que hoje são importados para serem distribuídos no SUS, tornando as medicações mais acessíveis para a população.
  • O primeiro módulo da fábrica da Hemobrás entrou em operação em setembro de 2012, dois anos depois do início das obras. O projeto prevê, ao todo, 19 blocos, distribuídos numa área de 48 mil metros quadrados.
  • A construção foi interrompida em 2016 — ano em que a unidade deveria ter ficado pronta — após o Tribunal de Contas da União (TCU) encontrar irregularidades no contrato com a empreiteira responsável pelas obras, cancelando o contrato. A investigação começou em 2015, como parte de operação da Polícia Federal (PF).
  • Na época, agentes da PF flagraram maços de dinheiro sendo arremessados de uma das janelas do prédio onde morava o então diretor-presidente da Hemobrás, Rômulo Maciel Filho, no Recife.
  • A diretoria da Hemobrás foi afastada por determinação da Justiça, após recomendação do Ministério Público Federal (MPF).
  • Em setembro de 2022, a Justiça Federal condenou três réus por envolvimento em fraudes na construção da fábrica.
  • Entre os condenados, estão dois ex-funcionários da Hemobrás e um representante da construtora Concremat Engenharia e Tecnologia S/A.
  • Segundo a Justiça, os três "agiram em conluio" na licitação para favorecer a construtora e desviar recursos públicos, incluindo no projeto e no edital para a contratação da empresa "cláusulas excessiva e injustificadamente restritivas".
  • Em 2024, o presidente Lula foi a Goiana para inaugurar fábrica de Fator VIII Recombinante, que era uma das duas unidades que faltavam para que a estrutura ficasse pronta completamente.

Mais agenda de Lula no Recife

Além da inauguração de fábrica de hemoderivados em Goiana, o presidente teve outras duas agendas, no Recife.

Às 16h, o presidente Lula e o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, visitaram o Hospital Ariano Suassuna Hapvida, no bairro da Ilha do Leite, no Centro do Recife, para acompanhar o início dos atendimentos especializados ofertados pelos planos de saúde a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). A iniciativa integra uma série de ações do programa "Agora Tem Especialistas", que busca reduzir a fila de espera por consultas com especialistas no SUS.

De lá, o presidente seguiu para a comunidade de Brasília Teimosa, na Zona Sul do Recife, onde participou da entrega de 599 títulos de regularização fundiária para famílias da comunidade, classificada como Zona Especial de Interesse Social (Zeis).

Localizado a poucos quilômetros da orla de Boa Viagem e do Centro do Recife, o bairro de Brasília Teimosa foi um dos lugares visitados por Lula na primeira viagem que ele fez como presidente, em janeiro de 2003.

No discurso, Lula reclamou da demora para a entrega dos títulos na comunidade, 22 anos depois da primeira visita.

"Às vezes fico decepcionado porque a gente aprova uma lei e, quando a gente pensa que a lei está em andamento, a lei nem foi regulamentada. Devia ter demorado meses e, quando fiquei sabendo, depois de 15 anos que eu retornei à presidência da República, que não tinham sido entregues os títulos de Brasília Teimosa, eu fiquei muito 'puto' da vida, porque é um descaso e um desprezo que as pessoas têm para tratar os mais humildes", afirmou.

Nessa primeira etapa de entrega de títulos, é contemplada uma área de aproximadamente 80 mil m² na comunidade, avaliada em mais de R$ 3,8 milhões. Brasília Teimosa faz parte do Acordo de Cooperação Técnica, firmado entre o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos e a prefeitura do Recife.

Antes da cerimônia, Lula foi à casa de uma moradora da comunidade, a socióloga Tânia Cristina Ribeiro, que acompanhou a visita do presidente ao local, há 25 anos.

Na época, a moradora tinha apostado uma grade de cerveja com um vizinho caso Lula, então presidente no primeiro mandato, não cumprisse a promessa de retirar as palafitas do bairro. E prometeu que pagaria uma cerveja ao presidente.

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