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05/07/2019 às 10h42m - Atualizado em 05/07/2019 às 13h13m

Jeep e Refinaria Abreu e Lima são as apostas para o Produto Interno Bruto de Pernambuco crescer 2,1% em 2019

Estratégia bem-sucedida da montadora para reverter o impacto da queda nas exportações de veículos para a Argentina ajudaram no desempenho do PIB

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A indústria de transformação, com destaque para a produção de veículos no parque da Jeep, em Goiana, e a de combustíveis na refinaria Abreu e Lima (Rnest), é a grande aposta na economia de Pernambuco para atingir, em 2019, um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), acima da taxa nacional. A estimativa mais recente da Agência Condepe/Fidem, divulgada nesta quarta-feira (3/7), é de um incremento de 2,1% para o PIB local no acumulado do ano.

Houve um recuo em relação à previsão anterior, divulgada em março e que apontava para um incremento entre 2,5% a 3%. Já as últimas estimativas para o PIB do País apontam para uma variação de 0,85%, de acordo com o boletim Focus do Banco Central divulgado na segunda-feira (1/7).

Sobre as expectativas para o desempenho da economia local, o diretor de Estudos, Pesquisa e Estatística da agência, Maurílio Soares, analisa que “a Jeep vem surpreendendo ao adotar estratégias bem-sucedidas para reverter parcialmente, no mercado interno, o impacto da queda nas exportações de veículos para a Argentina, um dos principais importadores de carros do Brasil”. “Outro impacto é o da Rnest, que também agregou valor à economia local, mesmo com parte do projeto adiado e produzindo muito abaixo da capacidade. Ainda assim, vem tendo um efeito considerável no PIB pernambucano”, avalia.

Os cases da Jeep e da refinaria reforçam o quanto a indústria de transformação tem sido decisiva para evitar que a economia do Estado desacelere no mesmo nível que a economia nacional. No primeiro trimestre de 2019, comparado ao mesmo período de 2018, o setor foi responsável por metade do desempenho do PIB estadual, que apresentou variação positiva de 1,2%, de acordo com os números mais recentes do Condepe/Fidem, como antecipado com exclusividade pelo Movimento Econômico. O resultado foi superior ao do país (0,5%).

No trimestre, a indústria pernambucana como um todo cresceu 3,5%, mas a de transformação teve uma taxa ainda maior: 5,8%, graças à performance registrada exatamente em veículos automotores, leia-se Jeep (31%), derivados de petróleo (18,8%) e limpeza e higiene pessoal (16%). No segmento, a preocupação se mantém na construção civil, uma das áreas mais afetadas pela crise econômica atual e que apresentou recuou de 0,9%.

Terciário e agropecuária

Depois da indústria, a maior contribuição no período veio do setor terciário, com expansão de 0,5%, puxada pelas atividades imobiliárias (que mostram uma tendência de reação, por meio de estoque de imóveis e aluguéis (3,1%), administração, saúde e educação pública (1,7%) e outros serviços (0,9%). “É um crescimento aparentemente modesto, mas que ganha uma importância muito maior pelo peso que os serviços têm no PIB do estado, da ordem de 76%”, destaca Maurílio Soares.

O comércio, por sua vez, não acompanhou outros segmentos do terciário e decresceu 1,9%, seguindo o viés de queda verificado no mercado nacional. A taxa reflete em parte a estagnação do varejo ampliado (variação positiva de 0,2%) e o baixo desempenho do atacado. Já a agropecuária teve a maior alta (4%) no recorte trimestral, mas influencia pouco no resultado devido à participação relativamente pequena no PIB local (4,3%). 

Contraponto

Do ponto de vista de um recorte temporal mais amplo, que vai de 2017 a 2019, Maurílio Soares afirma que o comportamento da economia de Pernambuco no trimestre não pode ser considerado expansão, mas recuperação, no contexto da forte retração registrada entre o terceiro e quarto trimestres de 2018.

Ouvido pelo Movimento Econômico, o economista Thobias Silva acredita que a reação só vem com investimentos. “O que vai promover a recuperação são os investimentos de longo prazo. Só eles vão tracionar a economia, embora Pernambuco dificilmente volte ao patamar da era Lula”, compara. No caso específico do setor fabril local, o consultor aponta a necessidade de se evitar simplificações e considerar a complexidade de duas realidades totalmente distintas. 

“É preciso analisar as diferenças do quadro atual para as grandes indústrias e para as médias e pequenas. O pequeno fabricante está na lona. O médio vem tentando se manter. Quem está puxando o desempenho no trimestre são as empresas maiores”, reflete.

Nesse cenário, ele chama a atenção para um movimento nada saudável, de concentração do mercado, que beneficia quem tem mais poder: “As grandes indústrias estão ampliando seu market share devido à derrocada da concorrência de menor porte”.

Para o analista, os grupos industriais locais mais fortes são favorecidas por outros aspectos: “Esses fabricantes têm mais produtividade, estruturas mais enxutas e vendem não apenas no mercado estadual, mas também para outros estados e até países. Em resumo, têm condições para baixar preços visando fomentar a produção”. Para ele, uma desvantagem adicional que evidencia a fragilidade dos pequenos empresários do setor é a dificuldade para captação de recursos. “A queda nas taxas de juros tem favorecido as empresas mais robustas, que podem ter acesso a dinheiro mais barato”, ressalta. Sobre o crescimento da agropecuária local, Silva afirma que “o agronegócio tem a vantagem de ser muito competitivo e diferenciado, mesmo com o câmbio em alta”.

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