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22/12/2015 às 14h10m

Jovem é morto por engano por policial militar

Alisson Campos tentava pegar o celular no bolso da calça quando foi alvejado

Alisson era operador de máquinas, mas também apaixonado por fotografia e desenho / Reprodução/FacebookAlisson era operador de máquinas, mas também apaixonado por fotografia e desenho

Fatalidade, paranoia urbana, erro de avaliação, despreparo. Não importa. A morte do operador de máquinas Alisson Campos, 20 anos, no último domingo, é o triste retrato de uma época em que a desconfiança é maior do que a prudência, fazendo cada vez mais vítimas inocentes.

Eram 21h30 do último domingo em um dos cruzamentos mais movimentados da área central do Recife, a esquina da Avenida Agamenon Magalhães com a Rua Henrique Dias, no bairro do Derby. Parados no mesmo semáforo estavam o policial militar do Batalhão de Choque, Dídimo Batista da Silva, em seu carro, um Gol preto de placa LSJ-3931, e a moto em que Alisson andava na garupa, pilotada pelo primo dele, Bruno Campos, 22.

Desconfiado do clássico enredo segundo o qual dois homens em uma moto já seriam suspeitos, o PM puxou a arma, um revólver calibre 38, ao notar um movimento de Alisson no sentido de alcançar o bolso da própria calça. Disparou da janela do carro. O tiro atingiu a região lombar do jovem, que caiu na pista. O erro de Alisson: tentar pegar o próprio celular. Ao ver que tinha baleado um inocente, o policial tentou socorrê-lo, levando o jovem ao Hospital da Restauração, a poucos metros dali, mas o operador de máquinas morreu no caminho.

Na mesma noite, Dídimo se apresentou ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), onde prestou depoimento e foi liberado. No entendimento da delegada de plantão, Josineide Confessor, não houve a necessidade de flagrante, e o PM responderá em liberdade ao inquérito policial. O caso será investigado pelo delegado Alfredo Jorge, também do DHPP. O carro e a arma de Dídimo estão, desde ontem, à disposição dos peritos.

Alisson Campos pertencia a uma família de classe média baixa de Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife. Não tinha passagem pela polícia. Era apaixonado por fotografia, desenho e pelo Santa Cruz. Exercia informalmente o cargo de diretor de comunicação da torcida organizada Inferno Coral. Muitos dos desenhos vistos nas roupas da torcida são de sua autoria. Segundo integrantes da Inferno, ele era um dos principais defensores do movimento que visava estabelecer a paz entre as torcidas organizadas do Estado.

Em sua página no Facebook, a Inferno Coral disse estar de luto pela morte do jovem. O primo de Alisson, Bruno Campos, que pilotava a moto no momento do assassinato, também fez um forte desabafo pela rede social. “Perdi meu irmão, meu primo e amigo. A dor é muito grande. Ter visto você levando um tiro de um policial nojento e despreparado, sem você ter feito nada... Que mundo é esse, meu pai?”.

O corpo de Alisson será sepultado hoje, às 10h, no Cemitério da Saudade, no Centro de Jaboatão. Família e amigos devem realizar um protesto cobrando justiça pela morte do jovem.


Do JC Online
Reprodução/Facebook

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