Vem para ubafibra | Ubannet (81) 3631-5600

07/03/2023 às 06h48m - Atualizado em 07/03/2023 às 07h49m

Pernambuco só fica atrás da Bahia quando se trata de violência contra a mulher no Nordeste

A maior parte dos crimes é cometida por companheiros e ex-companheiros, mas o estado também precisa ser responsabilizado

feminicidio-mulher-homicidio

No último ano, a Rede de Observatórios da Segurança registrou 2.423 casos de violência contra a mulher. A cada quatro horas ao menos uma mulher foi vítima de violência. É o que revela o boletim Elas Vivem.

A terceira edição do documento apresenta o monitoramento de sete estados: BA, CE, PE, SP, RJ e pela primeira vez, MA e PI. Entre os casos registrados, 495 são feminicídios, ou seja, uma mulher morre por ser mulher a cada dia.

Segundo a entidade, trazer a tona esses números, que representam vidas de mães, irmãs, filhas, faz com que os governos possam criar políticas públicas para evitar essas violências e preservar vidas. Afinal, muitos desses casos poderiam ter sido evitados pela quebra do ciclo da violência por meio de ações do Estado e do sistema de justiça.

Situação de Pernambuco no Nordeste

Pernambuco é o segundo estado do Nordeste em registros de violência contra a mulher (225), com pelo menos um caso a cada dois dias. O estado também passou a liderar os números de transfeminicídios - posição ocupada pelo Ceará nos últimos dois anos. Segundo a pesquisadora da Rede em Pernambuco, Dália Celeste, essa condição se dá pela negligência do governo.  Houve um silenciamento e a omissão do governo em relação a criação de políticas públicas mesmo após a onda de ataques transfóbicos em 2021. Corpos trans e travestis passam por um processo de desumanização e são vistos como corpos que não deveriam existir, o que alimenta os crimes de ódio”, afirma.

A maior parte dos registros nos sete estados tem como autor da violência companheiros e ex-companheiros das vítimas. São eles os responsáveis por 75% dos casos de feminicídio. As principais motivações são brigas e términos de relacionamento.

“Para além da responsabilidade individual precisamos refletir sobre a responsabilidade do estado em tolerar que tantos feminicídios aconteçam. Já foram assinados tratados e já avançamos em algumas direções, mas ainda se permite a impunidade. E isso se dá ao não saber como esse crime acontece, não se fazer o devido registro, não qualificar juridicamente da maneira correta”, explica Edna Jatobá, coordenadora do observatório da segurança de Pernambuco.

15 dias e 12 mulheres assassinadas em Pernambuco

“O Brasil continua sendo um dos países onde mais se matam mulheres no mundo. Em Pernambuco, não é diferente: em 15 dias, temos a triste realidade de 12 mulheres assassinadas. Não podemos ficar de braços cruzados. Temos de trabalhar para sanar aonde estamos falhando, do contrário, as mulheres vão continuar morrendo”, diz a parlamentar Gleide Ângelo, fazendo referência a mais quatro feminismos que aconteceram no estado após o feriado do carnaval — nas cidades de Olinda, na região metropolitana, Pombos, na sonda da mata, Afogados da Ingazeira, no sertão, e Limoeiro, no agreste.

A deputada Delegada Gleide Ângelo desembarcou na capital federal, onde cumpre agenda administrativa com deputados federais, senadores e ministros do União. Em pauta, a apresentação de projetos e programas em favor da igualdade de gênero e pelo enfrentamento da violência doméstica e familiar.

Ceará e Piaui

As mulheres cearenses vivenciaram um aumento de casos de violência sexual. O número quase dobrou, passando de 17 para 31 casos. O Piauí registrou 48 casos de feminicídios. No estado, os equipamentos de acolhimento se encontram na capital e deixam as mulheres de outras localidades desamparadas. Já o Maranhão, é o segundo estado do Nordeste em agressões e tentativas de feminicídio. Os maranhenses registram um caso de violência contra a mulher a cada
54h.

O maior número de eventos foi registrado em São Paulo (898) - um a cada dez horas. São casos como o da jovem sequestrada que teve o rosto tatuado com o nome do ex-companheiro ou da procuradora- geral espancada no local de trabalho. Mas é a Bahia o estado com maior taxa de crescimento em relação ao último boletim, com uma variação de 58%, com ao menos um caso por dia. Além de ser o primeiro em feminicídios do Nordeste com 91 registros. “Existe a necessidade de que todas as pessoas tenham um conhecimento social sobre essas questões
para que a gente possa transformar esses números que aumentam a cada ano”, explica a pesquisadora baiana Larissa Neves.

O Rio de Janeiro também apresentou uma alta significativa de 45% em um ano com casos de repercussão nacional no estado como o do estupro de uma parturiunte cometido pelo anestesista ou do chefe de investigações da delagacia da mulher acusado de agredir a ex companheira. E, ainda, agressões políticas a mulheres durante a campanha eleitoral. O Rio chegou a registrar ao menos um caso de violência contra a mulher a cada 17 horas e casos de violência sexual praticamente
dobraram, passando de 39 para 75.

Foram 2423 casos registrados em 2022; 495 deles feminicídios

  1. BA apresentou aumento de 58% de casos e lidera os feminicídios no NE
  2. SP registra um caso de violência contra a mulher a cada dez horas
  3. RJ tem alta de 45% de casos e quase dobra números de estupros
  4. MA é o segundo do NE em agressões e tentativas de feminicídio
  5. PE só fica atrás da Bahia quando se trata de violência contra a mulher no NE
  6. CE deixa de liderar transfeminicídios, mas tem alta de casos de violência sexual
  7. PI registra 48 casos de feminicídios

Comentários

Comentário pelo Facebok
Outros comentário

Outras notícias