13/03/2016 às 05h57m
Série Leituras apresenta: Metamorfose
Poema escrito por Lidiane Martins
Metamorfose
Tempo fútil, por que não me deixaste lá a onde a memória não me pertencia mais?
Por que me fizeste lembrar-se desta vã ser que sou?
Pois nada sou!
Se nada sou, por que vivo?
Qual o propósito de continuar vivendo, se ao me recolher as cinzas percebo que tudo o que eu tinha, nada era meu?
Por que me castigas?
Como posso continuar se o que sinto é só ódio de minha pessoa?
A onde estavas tu, oh tempo, quando as forças dos universos puseram minha cabeça como prêmio?
Dizem que duas cores definem os lugares espirituais, mas se elas definem, por que deram a mim a cinza?
Como posso continuar se terei o fracasso como meu fim?
E para quê levantar, não era para ser o fim o fracasso?
Como posso continuar ser um ser de amor, se meu corpo está coberto de lágrimas?
Talvez não saiba, mas meu corpo se acalenta com a dor.
A alegria para mim é como um câncer na alma.
Para quê uma missão tão dolorosa, se a vida do ser humano é tão simplória?
Tão curta é esta matéria que veste um coração espirituoso.
De louca me chamam àqueles que não viram a minha metamorfose.
Mas eu grito, e grito para dizer que já é borboleta a lagarta.
Tenho pouco tempo para encantar os olhos daqueles que conseguem admirar a força.
Existe outro ser igual a mim por ai? Por favor, apareça!
Pois a solidão está minimizando meu entusiasmo.
Creio eu que desconheço a força que tenho.
Subestimo a minha própria capacidade de voar.
Cada vez que digo "Não da mais" já estou indo eu para a próxima tarefa.
Lembro-me bem de quando até as lágrimas me abandonaram. Certamente deve ser o inferno o lugar para onde fui.
Penso que o pouco tempo que resta, talvez não tenha como encontrar alguém para amar.
Essa disparidade que há é enorme. Enquanto eu, querendo alguém para amar, muitos que falam que ninguém os ama, estão blindados para receber o amor.
Não são eles os culpados, pois as decepções tem sido a chave para torná-las frias.
E ao entregar meu coração, absorvo delas suas desesperanças. Por isso sofro!
E sendo assim, agora maquiavélicas, ficam com parte de mim, e depois de me lançarem para longe, não permitem mais minha aproximação. Não tenho mais nada a oferecer.
Posso sentir o teor do fel em meu paladar, e ao engolir suas mágoas sinto todo meu corpo ficar doente e prantear por uma solidão que não me pertencia.
E parte que perco do tempo tentando recuperar meu coração, muitos morrem.
E nesta minha fraqueza, nesta condição na qual foi a mim imposta, o que era dor, passa a ser uma dor sem escala, imensurável.
Há outro alguém como eu por ai?
Se houver, por favor, não se esconda!
Sou um ser que fui feito para amar e não amada.
Encontre-me, por favor!
Para que assim eu possa trocar com ti este sentimento nobre.
Para que eu possa te dar o amor que você sempre esperou.
E para que eu possa receber de ti, o que sempre precisei.
Por: Lidiane Martins /2014