Vem para ubafibra | Ubannet (81) 3631-5600

14/07/2017 às 12h32m - Atualizado em 14/07/2017 às 14h38m

Pernambuco entre os estados com mais casos de abuso sexual infantil

Pais precisam estar atentos com a Internet, um dos principais meios de aliciamento das crianças

estupro

Entender o que é violência sexual e saber identificar uma situação abusiva são os primeiros passos para que uma criança ou adolescente consiga desenvolver um comportamento autoprotetivo, evitando ou inibindo o agressor. O problema é que esse assunto não é tratado como parte da educação infantil no Brasil e, sobretudo, no Nordeste. Segundo a organização não governamental européia Save The Children, em 2011, Pernambuco foi classificado como o estado com mais casos de violência sexual registrados no país.

Em comemoração aos 27 anos de criação do Estatuto da Criança e do Adolescente, o Centro Dom Helder Câmara de Estudos e Ação Social lançou nesta quinta-feira a 10ª edição da Campanha pelos Bons Tratos de Crianças e Adolescentes com o tema Autoproteção para prevenção dos riscos da violência sexual contra nossas crianças e adolescentes. Entre as ações da campanha estão o lançamento de uma Revista em Quadrinhos, contação de estórias e jogos e brincadeiras sobre autoproteção.

“A gente precisa levar informações para essa criança. Ela precisa se reconhecer como um sujeito de direito, conhecer o próprio corpo, entender a diferença entre o toque que é um carinho e o toque que é um abuso, e entender o que é violência. Para que assim ela crie estratégias de defesa que vá dificultar a ação desse adulto agressor, e caso algo aconteça ela consiga contar aos familiares”, explica a psicóloga do Cendhec, Ana Paula Pimentel, reforçando a importância dos pais estarem atentos a sinais como a mudança de comportamento, o afastamento da vida social, o linguajar inapropriado e sexualizado, e a presença de marcas no corpo da criança.

O chefe de Comunicação da Polícia Federal, Giovanni Santoro, reforçou ainda a importância dos pais estarem atentos ao acesso à internet, um dos meios mais comuns de aliciação de crianças e adolescentes. “Os pais devem ficar atentos, pois tem um papel fundamental na questão da observação e do diálogo franco e aberto. Na internet, os pais devem acompanhar e orientar a não postar fotos em excesso da rotina, não falar muitas coisas da vida pessoal, e principalmente não adicionar pessoas que não conhece”, afirma. Para crimes de pornografia infantil a pena é de três a seis anos de reclusão.

A principal peça de divulgação da campanha é a revista em quadrinhos “A Máquina da Transmutação: Construindo a cultura da Autoproteção”, que foi elaborada pelas crianças que participam do projeto. A revista conta a história da personagem Florisbela, relembrando uma situação em que ela foi assediada por um adulto, mas que conseguiu se prevenir através da autoproteção.

A adolescente Rebeca Pereira, 16 anos, foi uma das pessoas que contribui para a criação da revista em quadrinhos. Há cerca de um ano, a estudante passou por uma situação de assédio sexual com um amigo da família e só conseguiu identificar a situação abusiva depois que começou a participar das oficinas quinzenais do Cendhec na escola em que frequenta, a EREM Clotilde de Oliveira. “Ele fazia gestos para mim e contatos visuais diferentes. O Cendhec me fez entender o que estava de verdade acontecendo e me mostrou que aquilo não era normal, como eu acreditava. Eu contei aos meus pais, e nós realizamos um Boletim de Ocorrência antes que algo pior acontecesse”, conta a garota.

As oficinas, que acontecem desde abril de 2016 com cerca de 300 crianças e adolescentes, tratam de temas como abuso e exploração sexual, a visão da sociedade sobre crianças e adolescentes, a desvalorização da mulher no meio musical e a importância da autoproteção para crianças e adolescentes. “Aqui a gente fala sobre coisas que a sociedade não fala, a escola não ensina e os pais tem anseio de conversar com os filhos. É preciso falar sobre autoproteção com as crianças e de todo esse mundo encoberto pela sociedade”, ressalta Rebeca.

Atividades da Campanha:

  • 19 de julho (quarta-feira), das 9h às 11h30
    Instituto Medianeiras da Paz (ISMEP)
    Rua Arthur Lício, 221 - Comunidade do Bode, Pina
  • 09 de agosto (terça-feira), das 9h às 11h30
    EREM Clotilde de oliveira - Telefone: (81) 3268-0002
    Avenida Norte Miguel Arraes de Alencar, 6760 - Casa Amarela
  • 15 de agosto (terça-feira), das 9h às 11h30
    Lar Fabiano de Cristo - Telefone: (81) 3272-0078
    Avenida Afonso Olindense, 1946 - Várzea

Do Diario de Pernambuco

Comentários

Comentário pelo Facebok
Outros comentário

Outras notícias