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20/07/2014 às 13h51m - Atualizado em 20/07/2014 às 14h01m

Número de vítimas de acidentes de trânsito é cada vez maior no Hospital da Restauração

Dos 607 pacientes que deram entrada no mês passado, 480 foram originários do tráfego

A brutalidade dos acidentes de trânsito nas grandes cidades é chocante, mas, quando traduzidos em estatísticas, se tornam ainda mais alarmantes. Um levantamento feito no Hospital da Restauração mostra que, no último mês de junho, deram entrada na unidade de saúde 607 vítimas graves que se envolveram em acidentes nas vias públicas. O dado causa ainda mais espanto quando comparado aos números de pessoas atendidas no HR, no mesmo período, devido a agressões por arma de fogo ou arma branca: 127 ocorrências. Ou seja, o trânsito faz quase cinco vezes mais vítimas do que a violência no Estado.

Outra constatação que chama a atenção é que desse total, mais da metade foram vítimas de acidentes com motos, isto é, 314 pacientes. As consequências desse alto número de casos são caras e pagas por todos. O custo com a saúde, previdência social e seguro viário são enormes. Segundo o médico cirurgião João Veiga, coordenador executivo do Comitê de prevenção aos acidentes de moto em Pernambuco (Cepam), o custo por paciente na Restauração é de R$190 mil para um tempo médio de 45 dias de internação. “E isso é preço do SUS - Sistema Único de Saúde. Caso seja na rede privada esse valor triplica, no mínimo”, revelou.

O 6º andar do HR, no setor de traumatologia, é onde estão algumas dessas pessoas que tiveram a vida completamente mudada por conta de frações de segundos. São rostos e cidades diferentes, mas histórias e sequelas parecidas. O perfil dos pacientes também é semelhante. É só passar a vista pelos leitos e verificar que a maioria dos casos é de homens, entre 20 e 40 anos e em pleno vigor físico e profissional.

Gerbeson da Silva, de 20 anos, é do município de Timbaúba, mas há pouco mais de um mês “mora” em um dos leitos da Restauração. Na colisão com um veículo, na cidade da Mata Norte do Estado, o jovem teve o pé esquerdo parcialmente decepado. “Quando cheguei aqui os médicos ainda tentaram salvá-lo, mas depois ele necrosou e foi preciso amputar”, contou. Apesar do sofrimento dos primeiros dias, hoje o rapaz parece ter superado boa parte do trauma. “Eu sei que o pé não vai voltar para o lugar, então agora é viver. Estou feliz, pois estou vivo”, disse o pedreiro.

O mecânico de motos Victor Pedro da Silva, 23, é outro paciente que segue internado no HR desde o último mês de junho, sendo uma vítima reincidente em colisões com motocicletas. “Estava voltando para casa na avenida 17 de Agosto quando bati com outra moto num cruzamento. Na hora desmaiei e só recobrei a consciência na ambulância”, lembrou. O pé direito do jovem abriu de um lado a outro. Depois da cirurgia, ele segue em tratamento para evitar infecções e aguarda outro procedimento médico no membro. Em dezembro do ano passado, Victor já havia sofrido um acidente com moto, tendo quebrado dois dedos do mesmo pé e fraturado o punho direito. “Não quero moto mais. Num terceiro acidente posso até perder a perna”, observou.

Emplacamento das motocicletas não para

A febre dos veículos de duas rodas circulando pelas vias e os acidentes que eles provocam é comprovada por outros números. Segundo as estatísticas do Detran-PE, ganharam as ruas do Estado no primeiro semestre de 2014 mais motocicletas (motos e motonetas) do que automóveis. De janeiro a junho deste ano foram registradas no órgão de trânsito 37.851 motos contra 36.495 carros.

Só no último mês foram mais de cinco mil motos emplacadas, mas foram superadas pelos números de automóveis registrados, que chegou a quase 5.800. Porém, nos meses de março (5.344) e abril (6.343) foram registradas mais motos do que carros, contribuindo para essa explosão dos veículos de duas rodas.

Alguns motivos direcionam para esse acréscimo do quantitativo de motos, sendo o mais plausível deles, o trânsito saturado que hoje é responsável por transtornos e congestionamentos em quase toda a Região Metropolitana do Recife (RMR). A necessidade de ganhar tempo, o menor custo de aquisição e manutenção, e o próprio uso do transporte como meio de trabalho são outros elementos que apontam para essa inversão do número de veículos que entraram diariamente nas ruas pernambucanas.

A evolução anual da frota de veículos de Pernambuco mostra que a quantidade de motos nas ruas vai chegar a um milhão de unidades em pouco tempo. A contagem, atualizada até maio deste ano, revela que já foram emplacadas mais de 940 mil motocicletas em todo o Estado.


As informações são da Folha de Pernambuco

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