23/07/2025 às 19h15m - Atualizado em 24/07/2025 às 18h59m
Policiais militares são presos por liderar milícia e extorquir comerciantes no Grande Recife
Grupo cobrava 'taxas de proteção' há mais de 10 anos em Abreu e Lima; um dos líderes é ex-vereador e policial reformado
Seis policiais militares, entre eles um PM da reserva e ex-vereador de Abreu e Lima, foram presos preventivamente por ordem da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), acusados de integrar uma milícia armada que atuava há mais de uma década no município da Região Metropolitana do Recife.
A decisão da Justiça ocorreu após recurso do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), que apontou que os crimes continuaram mesmo após a prisão temporária dos suspeitos em 2023, durante operação da Polícia Civil. Segundo os desembargadores, o grupo seguiu praticando extorsões, reorganizou funções e ampliou a coação contra comerciantes e moradores da área.
Milícia cobrava “taxas de proteção” semanais
Segundo relatório do Grupo de Operações Especiais (GOE), os policiais cobravam entre R$ 40 e R$ 50 por semanade comerciantes locais em troca de suposta “proteção”. Quem se recusava a pagar era ameaçado com invasões e saquesnos estabelecimentos.
O principal nome do esquema seria Rostand Cavalcanti Belém, ex-vereador de Abreu e Lima e policial militar reformado. De acordo com depoimentos colhidos pelo GOE, ele era o responsável por recolher os pagamentos da extorsão semanal. O ex-parlamentar também é acusado de praticar “rachadinhas” no período em que ocupou uma cadeira na Câmara Municipal (2013–2020).
Rostand e outros cinco PMs da ativa foram presos entre os dias 11 e 14 de julho, e atualmente estão recolhidos no Centro de Reeducação da PMPE.
Armas, farda e intimidação como método de controle
A denúncia do MPPE afirma que os policiais usavam a própria estrutura da corporação para exercer controle armado. Fardados, intimidavam comerciantes e moradores sob o pretexto de “garantir segurança contra criminosos”. Na prática, impunham medo e extorquiam sob ameaças.
A Vara Criminal de Abreu e Lima havia negado o pedido de prisão preventiva, mas o MPPE recorreu. Por unanimidade, os desembargadores aceitaram o argumento de que os crimes não cessaram após a operação inicial e que a liberdade dos acusados colocava em risco a ordem pública.
A defesa de Rostand Cavalcanti Belém não foi localizada até o fechamento desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestação.