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24/11/2015 às 11h06m

Depois de amargar anos de crise em Pernambuco, setor sucroalcooleiro ensaia reação

Três usinas voltaram a moer, de forma mais estruturada nesta safra, gerando emprego num momento em que as oportunidades estão cada vez mais raras.

Depois de uma década quando registrou o fechamento de pelo menos 10 usinas em Pernambuco, o setor sucroalcooleiro, atividade econômica mais emblemática do Estado, ensaia uma recuperação. Três usinas voltaram a moer, de forma mais estruturada nesta safra, gerando emprego num momento em que as oportunidades estão cada vez mais raras, sobretudo para aqueles menos qualificados. São a Cruangi, a Pumaty e a Pedroza. As duas primeiras passaram a ser administradas por cooperativas de fornecedores de cana que arrendaram o parque fabril das empresas.

Vários motivos contribuíram para a retomada. O primeiro foi a insatisfação dos fornecedores com um número menor de usinas comprando a produção. Somou­se a isso, o preço do álcool que se valorizou nos últimos meses. No meio de uma das maiores crises que o País atravessa, as três usinas geram novos postos de trabalho ­ absorvendo um pouco da mão de obra que perdeu o emprego nas obras da Refinaria Abreu e Lima (Rnest) ­ em Suape. A reativação também traz impacto positivo na economia de 25 cidades da Zona da Mata que têm na indústria sucroalcooleira a sua principal atividade.

“Nos últimos cinco anos, o País estava em crescimento e o setor em crise. Agora, o Brasil está em crise e o setor com a expectativa de crescer. O etanol teve um aumento significativo por causa do aumento do preço da gasolina. O litro do álcool sem impostos estava sendo vendido por R$ 1,35 em março último e na semana passada alcançou R$ 1,71. A alta do dólar também puxou pra cima o preço do açúcar”, explica o presidente da Cooperativa do Agronegócio dos Associados da Associação dos Fornecedores de Cana­de­Açúcar de Pernambuco (Coaf), Alexandre Andrade Lima. Ele foi um dos articuladores da retomada da atividade dessas usinas, costurando um acordo que passou pela criação das cooperativas e conseguiu uma redução de 6,5% do ICMS para o álcool fabricado por esses grupos.

A Coaf arrendou, por oito anos, a parte industrial da Cruangi e adquiriu uma parte do canavial da empresa, que tem sede em Timbaúba. A unidade voltou a moer nesta safra depois de três moagens paradas e deve processar 400 mil toneladas de cana­de­açúcar nesta moagem. Esse montante não é maior, porque pode ocorrer uma perda de até 35% da colheita devido à estiagem que atinge a Mata Norte atualmente. Somente na preparação da empresa para a moagem foram investidos R$ 2,7 milhões pela Coaf. Desde que começou a safra, há dois meses, a cooperativa movimentou mais R$ 15,1 milhões comprando matéria­prima, equipamentos, além de pagar salários e impostos. A unidade receberá a produção de cana de nove cidades da Mata Norte.

A lógica da reativação das usinas obedece à regra de aproveitar a cana dos fornecedores dessas regiões. As três são de porte médio e optaram pela produção do álcool. Quando estavam paralisadas, os produtores tinham moer a cana em empresas mais distantes e até na Paraíba e em Alagoas, diminuindo a rentabilidade. Numa safra, estava sobrando 1,1 milhão de toneladas de cana­de­açúcar de fornecedores no Estado. “Na última safra, pelo menos duas usinas não pagaram os fornecedores. A retomada da moagem da Cruangi, na Mata Norte, e da Pumaty, na Mata Sul, vai equilibrar esse mercado. Os fornecedores de cana só vão sobreviver em cooperativas porque, desse modo, conseguem agregar valor a sua matéria­prima”, diz Alexandre.

Administrada pela Cooperativa do Agronegócio da Cana­de­Açúcar (Agrocan), a usina Pumaty voltou a fazer uma moagem inteira nesta safra depois de receber um investimento em torno de R$ 10 milhões, segundo o vice­presidente da Associação dos Fornecedores de Cana­de­Açúcar, Frederico Pessoa de Queiroz, que responde pelo grupo que está à frente da empresa. No ano passado, a unidade iniciou uma moagem tardiamente em novembro, processando 513 mil toneladas de cana depois de duas safras sem moer. “Agora, a expectativa é de processar 700 mil toneladas”, diz. A empresa absorve a produção de cana de 10 municípios da Mata Sul.

Morador do município de Gameleira, o canavieiro Luciano José dos Santos, 37 anos, dá “graças a Deus” que a Pumaty voltou a moer, fazendo ele arranjar um trabalho num engenho em Água Preta. Em toda a vida produtiva, nunca exerceu outra atividade e cortou cana em usinas da Mata Sul, Mato Grosso, São Paulo e Minas Gerais.

Numa safra, a Cruangi gera 3,2 mil empregos, sendo 350 na indústria. Já a Pumaty precisa de cerca de 3 mil pessoas, das quais 300 ficam na indústria. Em ambas, o restante dos empregos é no campo. Uma parte desses empregos já existia pois as usinas tinham paralisado a parte industrial, enquanto as terras continuaram sendo cultivadas por fornecedores ou acionistas. “Antes da retomada, os fornecedores empregavam menos. Mas é difícil dizer quantas vagas foram criadas com a retomada”, calcula Alexandre.

Depois de um ano sem moer, a Pedroza voltou a produzir. A empresa foi arrendada à Copersur, formada pela família do fornecedor de cana Gerson Carneiro Leão e o executivo Reginaldo Moraes Filho. Com sede no município de Cortês ­ Mata Sul ­, a empresa vai processar 300 mil toneladas de cana. A sua operação vai gerar cerca de 3 mil empregos, dos quais 350 na indústria. Ela vai comprar a cana produzida em seis municípios da Mata Sul.


Por Assessoria de Imprensa da AFCP

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