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19/02/2020 às 08h41m - Atualizado em 19/02/2020 às 09h20m

Professor de escola particular de São Paulo é preso em operação contra pornografia infantil

Escola internacional St Nicholas mandou comunicado aos pais se dizendo

computador-notebook

A Polícia Civil de São Paulo prendeu na manhã desta terça-feira, 18, um professor da St. Nicholas School em Pinheiros, na zona oeste da capital, suspeito de produzir e armazenar material de pornografia infantil. Segundo os delegados responsáveis pelo caso, ele confessou filmar as alunas, entre 10 e 14 anos, por baixo da saia do uniforme em sala de aula, sem que elas soubessem. A escola internacional atende crianças desde 18 meses de idade.  Cedo, o colégio enviou comunicado aos pais informando que “foram surpreendidos com uma operação policial de investigação de pedofilia que prendeu um dos nossos professores da unidade Pinheiros”. 

O professor é Ivan Secco Falsztyn, de 54 anos, é brasileiro e dava aulas de História e Teatro no colégio inglês. O acusado foi preso em casa por volta das 6 horas da manhã. "Ele tentou esconder o computador. Achamos vários vídeos de meninas de 10, 12, 13 anos e percebemos que tinham uniforme. Isso chamou a atenção", diz a delegada divisionária da Delegacia de Capturas Ivalda Aleixo. Conforme a polícia, ele confessou que escondia câmeras em caixas de remédios, com furos, para fotografar e filmar as alunas por baixo da saia do uniforme. As caixas eram colocadas em salas de aula ou no chão.

No colégio, a polícia apreendeu diversas fotos e vídeos em computadores e HDs que comprovam o depoimento do professor, afirmam os delegados. Algumas delas estavam armazenadas no próprio colégio, em sua sala de trabalho. "A escola franqueou a entrada e nos ajudou em tudo que foi possível. Eles não sabiam dessa prática do professor. Foi uma surpresa", diz o delegado Osvaldo Nico Gonçalves, diretor do Departamento de Operações Policiais Estratégicas da Polícia Civil. Ainda segundo a investigação, tanto o computador quanto a camera Cyber-shot usados eram propriedade do professor . "Não fazia nada pelo sistema da escola", diz Ivalda.

Ele dá aulas na instituição há 20 anos, tem dois filhos, gêmeos de 13 anos, na St. Nicholas e é casado com uma das diretoras da escola. As vítimas, de acordo com a polícia, tinham entre 10 e 14 anos e eram sempre meninas. Segundo a investigação, haveria inclusive uma lista de alunas preferidas. Ele teria começado a fazer fotos na escola há três anos, mas há materiais apreendidos datados de 2009. 

De acordo com os delegados, Ivan Secco Falsztyn se disse "doente" e pediu ajuda. A polícia não sabe estimar quantas seriam as vítimas. Ele foi encontrado por meio de rastreamento de IP de computador e não houve qualquer denúncia da escola ou de alunas. 

Ele vai responder por produção e armazenamento de material pornográfico. "Ainda não temos provas de que ele compartilhava o material", afirmou Osvaldo Nico Gonçalves. Foi pedida a prisão preventiva do professor, que não tinha antecedentes criminais. 

No Brasil, a pena para quem armazena conteúdo relacionado aos crimes de exploração sexual varia de 1 a 4 anos de prisão, de 3 a 6 anos pelo compartilhamento e de 4 a 8 anos de prisão pela produção.

No comunicado às famílias, a escola se diz “em choque” com as denúncias e está colaborando com as investigações. A St. Nicholas é uma escola internacional, usa um currículo conceituado no mundo todo e aceito em universidades fora do Brasil. Há alunos desde os 18 meses até 18 anos de idade. A mensalidade gira em torno de R$ 7 mil. O Estado tentou contato com a escola, que foi aberta em 1980, mas ainda não obteve retorno. A reportagem também não conseguiu localizar a defesa de Falsztyn. 

Pais de estudantes ficam abalados

O escândalo fez com que pais de alunos já reivindicassem mudanças nas políticas de segurança da St. Nicholas. Segundo o Estado apurou, eles começaram a discutir em grupos fechados que os funcionários fossem impedidos de levar celulares à escola e até que professores não mais pudessem ficar sozinhos com os alunos.

“Foi uma tragédia, mas reflete nossa sociedade. Não se pode cercear a liberdade dos outros professores e acabar com a harmonia da escola, que é o que ela tem de melhor”, diz Frederico Pessoa, de 39 anos, pai de um aluno de 5 anos. Ele se disse muito satisfeito com a escola e acha que é preciso apurar bem o caso. “Mas não podemos ser paranoicos, poderia ter acontecido em qualquer outra escola pública ou particular”, completa. 

O professor preso não dava aulas para seu filho e ele não o conhecia. “Alguns pais agem com a escola como se fossem consumidores e só porque pagam caro querem cobrar certas coisas, não concordo”, afirma Pessoa. 

 "A situação está muito difícil, muito complicada. A pedofilia está mais perto do que a gente imagina", diz a mãe de um aluno do ensino fundamental, que pediu para não ter seu nome publicado. Seu filho estuda na outra unidade da St Nicholas, em Alphavile, aberta em 2016. Segundo ela, o professor daria aulas apenas na unidade de Pinheiros. Ela diz que gosta muito da escola e quer entender melhor o que houve antes de fazer qualquer julgamento. "É preciso ter cuidado com esse tipo de informação." 

Operação contra pornografia infantil foi realizada em 12 Estados

Falsztyn foi detido na sexta fase da Operação Luz da Infância. A ação prendeu 43 pessoas em flagrante até o final da manhã desta terça, 18, e foi coordenada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. A operação foi desencadeada pelas polícias civis de 12 Estados para identificar autores de crimes de abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes. Em São Paulo, ocorreram 19 prisões, em Santa Catarina, 9, no Paraná, 6, em Mato Grosso do Sul, 4, e outras duas no Ceará, uma no Rio Grande do Sul, uma em Mato Grosso e uma em Goiás.

Foram cumpridos 112 mandados de prisão e busca, incluindo ações na Colômbia, nos Estados Unidos, no Paraguai e no Panamá. Quanto aos países, o ministério disse que houve cooperação para capacitação técnica conjunta de agentes policiais, intercâmbio de boas práticas, além de treinamento sobre como coletar evidências, com cada país coletando seus respectivos dados  Com isso, diz a pasta, houve integração para deflagrar a ação de forma simultânea.

Com informações do ESTADÃO

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