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30/07/2022 às 05h36m - Atualizado em 30/07/2022 às 07h30m

Justiça demora a julgar policiais acusados de homicídio e tortura em Itambé, em 2017

PMs acusados pela morte de estudante em Itambé, na Mata Norte, em 2017, ainda não foram julgados pelo crime

itambFOTO: REPRODUÇÃO

A punição para os policiais que cometem crimes em Pernambuco não é só lenta na esfera administrativa, cuja responsabilidade é da Corregedoria da Secretaria de Defesa Social (SDS). Na esfera criminal também há demora. As informações são do JC Oline.

Um exemplo é o processo dos policiais militares acusados pela morte do estudante Edvaldo da Silva Alves, de 19 anos. O caso ocorreu há mais de cinco anos, mas ainda não há data para o júri popular.

A vítima participava de um protesto cobrando mais segurança para o município de Itambé, na Mata Norte, em 18 de março de 2017. Os policiais chegaram e, na tentativa de acabar com a mobilização, dispararam um tiro de bala de elastômero (borracha) na perna de Edvaldo.

Um vídeo gravado no local mostrou o momento em que o comandante da operação, capitão Ramon Tadeu Silva Cazé, apontou para a vítima e disse: "É esse aqui que vai levar o primeiro tiro?". Em seguida ordenou que o soldado Ivaldo Batista de Souza Júnior disparasse a arma.

Ferido, Edvaldo foi arrastado para a viatura policial. Ainda levou um tapa no rosto de Ramon. Vinte e cinco dias depois, morreu no hospital.

Os dois PMs acabaram virando réus por homicídio doloso (com intenção de matar). Ao capitão também foi atribuído o crime de tortura.

Outros dois militares foram denunciados por omissão de socorro, mas tiveram os processos suspensos após pagamento de dez salários mínimos e por cumprirem penas alternativas.

Em novembro de 2019, a Justiça decidiu que Ramon e Ivaldo iriam a júri popular. Mas a data segue indefinida.

A assessoria do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) alegou que as defesas dos réus entraram com recursos contra a pronúncia. Nessa quinta-feira (28), o processo foi encaminhado ao Recife para análise em 2ª instância.

"Em virtude da pandemia do covid-19, os processos físicos tiveram os prazos suspensos no período em que o Judiciário atuou exclusivamente de forma remota", alegou o TJPE em relação à demora no andamento do caso.

No âmbito administrativo, Ramon foi expulso da Polícia Militar em dezembro de 2017. Mas recorreu ao TJPE e chegou a retornar às atividades. Em maio deste ano, porém, o processo transitou em julgado e ele, de vez, perdeu a patente.

Já Ivaldo cumpriu a pena de 30 dias de prisão militar ainda em 2017 e segue na corporação.

"É preciso melhorar a formação do policial, pois hoje ela é prejudicial à segurança pública. Temos um passado mal resolvido com a violência. É preciso afastar a cultura bélica e pensar numa segurança cidadã", avaliou a vice-presidente da Comissão Especial de Segurança Pública da Ordem dos Advogados do Brasil - seccional Pernambuco (OAB-PE), a advogada Carina Acioly.

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