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18/08/2020 às 04h37m - Atualizado em 18/08/2020 às 05h04m

Funcionários dos Correios de Pernambuco e de outros estados decretam greve por tempo indeterminado

Os trabalhadores são contra a equiparação do seu acordo trabalhista com a CLT e também não querem que a estatal seja privatizada

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Trabalhadores dos Correios de Pernambuco, de outros estados do Brasil e do Distrito Federal aprovaram por unanimidade, na noite desta segunda-feira (17) o início de um movimento grevista permanente da categoria. No Recife, a assembleia foi realizada no bairro de Santo Amaro, área central da capital. A greve teve início às 22h e não tem data para se encerrar. Em todo o Brasil, cerca de 100 mil funcionários aderiram ao movimento. Eles protestam contra a retirada de direitos trabalhistas, a privatização da empresa e a ausência de medidas para proteger os empregados da pandemia do novo coronavírus.

Apresentada pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), a nova proposta do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), segundo os trabalhadores, retira 70 cláusulas do atual ACT, acabando com os 30% do adicional de risco; auxílio creche/babá; 70% sobre férias; indenização por morte e auxílio para filhos com necessidades especiais; pagamento de horas extras, e entre outros direitos dos trabalhadores da ativa e aposentados. O governo federal também propôs equiparar os direitos dos trabalhadores com os da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).

Em nota, a federação afirma ter sido surpreendida com a revogação, a partir de 1º de agosto, do atual acordo coletivo, cuja vigência vai até 2021. Segundo a entidade, também estão na lista de direitos retiradas o vale-alimentação, a licença-maternidade de 180 dias, além de pagamentos como adicional noturno.

Sobre as ações da empresa para enfrentamento da pandemia, a federação relata que teve de acionar a Justiça para garantir aos empregados equipamentos de proteção individual, álcool em gel, testagem e afastamento daqueles integrantes de grupos de risco e dos que coabitam com crianças em idade escolar. A entidade afirma que se trata de estratégia para precarizar e privatizar a empresa.

Por se tratar de um serviço essencial, exposto no decreto de calamidade pública assinado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), os sindicatos avisam que o mínimo de trabalhadores será mantido.

"O governo Bolsonaro busca a qualquer custo vender um dos grandes patrimônios dos brasileiros, os Correios. Somos responsáveis por um dos serviços essenciais do País, que conta com lucro comprovado, e com áreas como atendimento ao e-commerce, que cresce vertiginosamente e funciona como importante meio para alavancar a economia", disse o secretário geral da Fentect, José Rivaldo da Silva.

"O trabalhador dos Correios vai pagar para trabalhar"

Para o secretário administrativo do Sintec-PE, Rinaldo Nascimento, "o trabalhador dos Correios, se isso acontecer, vai pagar para trabalhar". O secretário reclamou também dos altos salários na cúpula da estatal e alegou que o trabalhador da empresa não tem privilégios. "Nós somos a estatal que tem o menor piso salarial. Nosso piso hoje está em cerca de R$ 1.700 e o 'cara' vem dizer que nós temos privilégios. É lamentável a postura do presidente dos correios e do governo Bolsonaro", disse ao JC.  

Ao UOL, o presidente dos Correios, general Floriano Peixoto, afirmou que "testemunhamos uma tentativa de confundir os empregados acerca de temas sobre os quais a direção dos Correios não tem influência: os estudos de desestatização são conduzidos pelos órgãos competentes e baseados em minucioso planejamento que visa, ao fim e ao cabo, à determinação da melhor alternativa para a empresa e para a sociedade".

Em nota, os Correios informaram ter um plano de continuidade de negócios para manter o atendimento à população em qualquer situação adversa. A estatal informou que o objetivo primordial é cuidar da sustentabilidade financeira da empresa, de forma a retomar a capacidade de investimento e sua estabilidade, e manter os empregos dos funcionários.

JC Online

 

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