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06/09/2020 às 14h46m - Atualizado em 08/09/2020 às 09h11m

Troca de tiros entre major da Polícia Militar e agente penitenciário deixa dois mortos e cinco feridos em um bar no Recife

Segundo a Polícia Militar, os agentes de segurança pública estavam em um bar no bairro de Boa Viagem, quando iniciaram uma discussão. Os dois ficaram feridos.

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Um major da Polícia Militar e um policial penal trocaram tiros após uma discussão em um bar no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, na noite do sábado (5), segundo a Polícia Militar. O tiroteio deixou dois homens mortos e cinco pessoas feridas, sendo duas delas os agentes de segurança pública.

Os mortos eram clientes do bar e, segundo testemunhas, não estavam envolvidos na briga. Eles foram identificados como Ekel de Castro Pires, de 69 anos, e Claudio Bezerra Bandeira de Melo Sobrinho, de 57 anos.

O bar fica localizado na esquina da Rua Professor José Brandão com a Rua Antônio de Sá Leitão. A troca de tiros, segundo a investigação, aconteceu por volta das 18h30 entre o policial militar José Dinamérico Barbosa da Silva Filho e o policial penal Ricardo de Queiroz Costa.

O motivo da discussão não foi divulgado pelos investigadores. Os dois agentes ficaram feridos e foram levados para hospitais particulares. Ambos foram autuados em flagrante por homicídio e tentativa de homicídio, de acordo com a Polícia Civil, que abriu um inquérito para apurar o caso.

O advogado do Sindicato dos Policiais Penais, Eduardo Morais, afirmou que a confusão ocorreu após o PM mexer com a mulher de Costa e uma discussão verbal. "Dinamérico levanta empurrando a cadeira, saca a arma. Ricardo levanta, joga o filho para o chão e saca a arma, já é atingida por um primeiro tiro abaixo do umbigo. [...] Ricardo exerceu o direito dele de legítima defesa", relatou Morais.

O cônsul do Paraguai, Guillermo Insfran, confirmou que, entre os feridos no tiroteio, está o filho dele, Eduardo Insfran. Segundo o diplomata, Eduardo foi atingido na barriga, mas de maneira superficial.

O policial penal estava no bar com a mulher, o filho e uma amiga, segundo o advogado do policial penal. O major da PM estava acompanhado de parentes e de um soldado do Batalhão de Operações Especiais (Bope), de acordo com a investigação.

A Polícia Militar afirmou que foram apreendidos no local três pistolas, quatro carregadores e 39 munições de calibres diversos. O material foi encaminhado para o Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), que conduz o inquérito policial.

Peritos do Instituto de Criminalística (IC) analisaram o local na noite do sábado (5) e na manhã deste domingo (6). Eles também recolheram imagens do circuito interno de segurança dos prédios da vizinhança.

A Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social investiga a conduta dos agentes públicos. A Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) informou que vai acompanhar as investigações do caso.

Feridos

O major e dois clientes do bar, Eduardo Insfran e Eva Valéria do Nascimento, foram socorridos para o Real Hospital Português, no bairro do Paissandu. O hospital informou que não poderia repassar detalhes do estado de saúde. No entanto, o pai de Eduardo relatou que ele estava bem e a SDS alegou que o policial ficou em observação.

Outro ferido no tiroteio, George Mauro Vasconcelos, foi socorrido para o Hospital da Restauração (HR), no bairro do Derby. Segundo a unidade de saúde, ele passou por cirurgia e o estado de saúde era considerado grave.

O policial penal Ricardo de Queiroz Costa foi levado para o Hospital Santa Joana, no bairro das Graças. Segundo a Seres, ele foi atingido por três tiros e o quadro de saúde era considerado estável, internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), neste domingo (6).

Justiça e governo

A Secretaria de Defesa Social lamentou "profundamente que servidores públicos cuja missão é proteger a sociedade possam estar envolvidos em um fato tão trágico", segundo nota divulgada para a imprensa.

"Não apenas nos solidarizamos com os familiares, amigos e entes queridos, como reiteremos o empenho e a seriedade das Forças de Segurança, atuando de forma integrada, na investigação dos fatos e responsabilização dos envolvidos, tanto no âmbito criminal como no administrativo disciplinar", disse o texto.

A SDS afirmou, ainda, que os agentes envolvidos no tiroteio estão sob custódia da Polícia Militar e, tão logo tenham condições, devem prestar depoimento à Polícia Civil. "Outros elementos de prova, como testemunhas, imagens e perícias criminais, estão sendo coletados de modo a elucidar o caso", disse ainda o texto.

O policial penal Ricardo de Queiroz está há oito anos na Secretaria de Ressocialização e faz parte do Grupo de Operações e Segurança da Seres (Gos-Seres). O major José Dinamérico está cedido ao Tribunal de Justiça de Pernambuco desde 2018 e atuava na área administrativa da Assistência Policial Militar e Civil, segundo o TJPE.

O tribunal afirmou que "está acompanhando o caso e aguardando a apuração para tomar as medidas necessárias". A Assistência Policial é integrada por policiais militares e civis, além de bombeiros militares, que atuam na segurança de magistrados e servidores e também para garantir a proteção das instalações físicas das unidades judiciais e de atuar na prevenção de situações de periculosidade.

PM punido anteriormente 

O major da PM envolvido no tiroteio em Boa Viagem foi punido, em 2017, por uma confusão com um oficial superior durante uma confraternização, segundo o boletim geral da Secretaria de Defesa Social, disponível no portal do órgão.

O policial foi acusado de "atacar a honra de oficial superior" em um post em um grupo de WhatsApp e também de supostamente agredir oficial com um empurrão durante confraternização, ocorrida em 2013, ainda de acordo com o documento. Na ocasião, ele foi punido com pena disciplinar de 30 dias de prisão.

 

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