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24/09/2016 às 09h35m - Atualizado em 24/09/2016 às 09h40m

Caso Artur Eugênio: terceiro dia de julgamento tem vídeos de testemunhas

Primeira testemunha foi médico amigo de Artur, que também falou sobre conduta do acusado.

Teve início nesta sexta-feira (23) o terceiro dia de julgamento do caso do assassinato do médico Artur Eugênio, morto a tiros em maio de 2014. O júri é para dois dos cinco acusados pela morte do cirurgião, Cláudio Amaro Gomes Júnior e Lyferson Barbosa da Silva, e acontece no Fórum de Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife. Para o dia, continuam a exibição dos vídeos das testemunhas arroladas pelo Ministério Público de Pernambuco, que começou ontem. Hoje serão exibidos mais oito vídeos e a expectativa é que todas as 24 mídias sejam exibidas até o domingo. Os pais e a esposa da vítima acompanharam o julgamento.

Já foram apresentados 17 dos 22 depoimentos gravados em vídeo. Neste sábado (24), a partir das 9h, serão mostrados os próximos testemunhos e, em seguida, deve começar a ouvida dos réus. A previsão é que o júri termine no domingo (25) com a divulgação da sentença.

Depoimentos

O depoimento que mais se destacou no dia foi o do empresário Domingos Sávio Figueiredo. Ele teria contratado a empresa de Cláudio Jr, em setembro de 2013, para que uma conta bancária fosse aberta. Conforme a testemunha, o objetivo era conseguir crédito de R$ 50 mil para a companhia Red Empreendimento, cuja razão social é prestar serviço na área de construções, entre outras atividades. A conta bancária nunca foi aberta, porém, mesmo devendo, Cláudio Jr. teria se tornado “colega” do empresário. "Paguei em dinheiro a ele, mas ele não abriu a conta. Dizia sempre que abriria ‘amanhã'. A conta não foi aberta e a quantia não foi devolvida", afirmou.

No depoimento, Domingos afirmou tentar falar constantemente com Cláudio Jr. por telefone para cobrar a dívida. Em uma dessas ligações, o réu teria declarado que “não poderia falar”, pois estava, naquele momento, no Hospital das Clínicas e, em seguida, iria ao Hospital do Câncer para “cobrar uma dívida para o pai dele”, Cláudio Amaro Gomes. Ao ser questionado pela juíza Inês Maria de Albuquerque Alves, ele confirmou que Cláudio Jr. mencionou o nome da vítima.

Ao saber da morte de Artur Eugênio através da imprensa, Domingos teria desconfiado que Júnior estaria envolvido no crime e chegou a questioná-lo. Ele negou participação, porém mudou o comportamento. Antes, demorava para retornar as ligações de Figueiredo e passou a telefonar constantemente para saber se havia alguma novidade sobre o caso. Domingos conheceu Cláudio Amaro através do filho, e também conheceu os outros acusados, Jailson Duarte César, Lyferson Barbosa da Silva e Flávio Braz. No vídeo, a magistrada questionou o empresário por ele não ter aberto a conta bancária por conta própria.

O depoimento da secretária de Cláudio Amaro, Débora Priscila, destoou das declarações feitas pelas demais testemunhas a respeito do médico. A ex-funcionária informou que o cirurgião tinha uma boa relação com os pacientes e que era homenageado por eles. Ela não conhecia a vítima. "Conheço Artur apenas de ouvir falar", comentou. Após o crime, a secretária contou que Cláudio chegou a elogiar a vítima. "Ele disse que havíamos perdido um médico em potencial", relatou. Débora trabalhou no consultório mais de um mês após a prisão do patrão e afirmou que ele era “muito brincalhão” e que “não era violento”.

Pela manhã, duas testemunhas foram ouvidas, o secretário de Saúde, Iran Costa, e o médico pneumologista João Augusto Queiroga, amigo de Artur. Ambos mantiveram a linha das declarações realizadas no segundo dia do julgamento de que Cláudio Amaro não era um bom profissional. Segundo João Augusto, o amigo se queixava de sofrer perseguição no Hospital das Clínicas e que estaria recebendo notas baixas nas avaliações do estágio probatório por parte do acusado.

Iran Costa também elogiou o profissionalismo de Artur. Ele relatou ter visto os vídeos das câmeras de segurança do HCP, no dia em que a vítima foi assassinada. “Vi o carro preto estacionando ao lado do carro de Artur. Um homem teria saído do carro e entrado no hospital e depois teria retornado. Ele se deixou filmar frontalmente”, explicou. O secretário não sabia, na época, da existência de Júnior. “Deu para ver a presença de três pessoas”, relatou. O vídeo mostra que os três homens tentaram ligar o carro e precisaram empurrar o veículo para que ele funcionasse. Ao sair do HCP. Artur foi seguido pelos acusados. As imagens das câmeras foram entregues a polícia.

Também chamou atenção o depoimento de Amanda Augusto de Macedo, que foi secretária de Cláudio Amaro Gomes por 8 anos. Ela disse que, um dia após a morte de Artur Eugênio, Cláudio soube que circulavam informações em grupos do WhatsApp sobre o envolvimento dele no crime. Ele ficou irritado e disse que iria processar os responsáveis por "calúnia". No dia seguinte ele foi preso.

Amanda também falou que a policia apreendeu R$ 21 mil na gaveta de Cláudio na clínica. Além disso, ela também afirmou que, antes da morte de Artur, a relação entre os dois médicos não era boa.

Família

A família de Artur esteve presente na audiência desta sexta-feira (23), entre eles o pai, Albino Luiz Pereira, e a mãe Maria Evani de Azevedo Pereira.

A viúva, Carla Rameri de Azevedo, disse que os familiares já estavam sabendo do conteúdo dos depoimentos, pois estavam presentes na audiência de instrução, ocasião em que as mídias foram gravadas.

Entenda o caso

O médico Artur Eugênio de Azevedo, 35 anos, foi assassinado no dia 12 de maio de 2014. O corpo do cirurgião foi encontrado na BR-101, no bairro de Comporta, no município de Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife.

Segundo a denúncia do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), o crime teria sido motivado por desentendimentos profissionais entre Cláudio Amaro Gomes e a vítima. De acordo com os autos, Cláudio Amaro Gomes, apontado como o mandante do crime, teria contado com a ajuda do filho Cláudio Amaro Gomes Júnior para executar o plano de homicídio.

Cláudio Júnior teria pago Jailson Duarte César para contratar outros dois homens – Lyferson Barbosa da Silva e Flávio Braz – para matar Artur Eugênio de Azevedo Pereira. Um quinto acusado, Flávio Braz, foi morto numa troca de tiros com a Polícia Militar, no dia 8 de fevereiro de 2015.

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