02/07/2025 às 07h39m - Atualizado em 02/07/2025 às 19h05m
Só 5 municípios de Pernambuco têm políticas de apoio aos usuários de drogas
Levantamento do TCE-PE revelou que 97,3% não investem em ações para dependentes químicos, que estão entre as principais vítimas de homicídio
O combate às drogas continua sendo um complexo e urgente desafio da segurança pública, mas também social. O encarceramento em massa não é solução, como já se discutiu em décadas passadas. São necessárias políticas que acolham e ajudem os dependentes químicos a mudarem de vida. Por isso a importância de investimentos e integração entre União, estados e municípios.
Os usuários de entorpecentes estão entre as principais vítimas de homicídios no País. Apesar disso, um levantamento do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE) mostra que, na prática, o Estado está distante de solucionar o problema. Somente cinco dos 184 municípios pernambucanos conta com políticas de auxílio às pessoas com dependência de drogas.
O número representa 97,3% do total das cidades. Na Região Metropolitana do Recife, por exemplo, apenas a capital adota uma política de acolhimento aos usuários. Os outros quatro municípios pernambucanos são: Tamandaré (Mata Sul), Toritama (Agreste), Serrita e Serra Talhada, ambas no Sertão.
A cientista social e coordenadora-executiva do Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop), Edna Jatobá, vê o resultado com preocupação.
"Quando mais de 97% dos municípios de Pernambuco não oferecem qualquer política de apoio a pessoas que usam drogas, o que vemos é a repetição de uma lógica perversa: empurrar essas pessoas exclusivamente para a esfera da segurança pública e do sistema prisional. Isso não só ignora sua dignidade e autonomia, como também aprofunda a exclusão e a violência que elas já enfrentam", analisou.
"É urgente investir em políticas de redução de danos, que reconheçam a complexidade dos usos e o papel das redes de apoio na vida dessas pessoas. Cuidar é muito mais eficaz e mais humano do que punir", complementou.
JOVENS SÃO AS PRINCIPAIS VÍTIMAS
Em Pernambuco, segundo a Secretaria de Defesa Social (SDS), 70% das mortes violentas intencionais estão relacionadas às atividades criminais, incluindo sobretudo pessoas que perderam a vida por causa de dívidas de drogas ou pela disputa pelo domínio de territórios para o tráfico.
Outro dado alarmante referente ao período de janeiro a maio deste ano: 48% das vítimas, ou seja, quase metade delas tinham entre 12 e 29 anos. Sem estudo, sem emprego e sem apoio do poder público, a faixa etária que compreende os adolescentes e jovens é a mais atingida pela violência, atraída pelo vício ou cooptada para o tráfico sob a falsa promessa de dinheiro fácil e proteção. Continue LENDO